Contamos o passo a passo da filmagem do documentário "Escrita Livre", com roteiro e direção de L.S. Alves, que recebeu o patrocínio da Prefeitura Municipal de Joinville, da Fundação Cultural de Joinville e do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec). Tal patrocínio foi conquistado por meio do Edital de Apoio à Cultura de 2012.

domingo, 25 de novembro de 2012

Gravando na penitenciária

Segunda-feira, 19 de novembro, não foi dos dias mais fáceis. Saímos atrasados de Florianópolis, pegamos o tradicional engarrafamento de Itajaí e chegamos na penitenciária num momento em que o nosso contato estava ocupado. Depois de um pequeno chá de cadeira, entramos na unidade e fomos pro almoço. Engoli a comida em minutos e saí pra buscar o material de produção que estava na casa da minha madrinha lá no bairro Boa Vista da cidade de Joinville. Quando entro no carro, descubro um trincado no parabrisas com um palmo de extensão. De onde ele veio? Não tenho a mínima idéia,  mas o estrago já estava feito e lamentar não ajudaria em nada. Peguei a sacola de material que a produtora havia entregue no dia anterior e voltei ao presídio. Montamos o equipamento em uma das salas de aula que estava em desuso no momento e ficamos prontos, esperando a chegada dos apenados para iniciarmos as filmagens.
 
Os voluntários demoraram a chegar e o pessoal da pedagogia, notando nossa aflição, decidiu intervir. Passaram a intermediar a chamada dos internos. Com a ajuda recebida, o processo tornou-se ágil e produtivo. Pelo que ficamos sabendo, os agentes comunicavam que alguém queria falar com os presos, mas não informavam a eles que se tratava da equipe do documentário.

Nesses diálogos com nossos personagens surgiram muitas historias ricas em sentimentos e também informações sobre como funciona o sistema prisional. E por mais ogro que eu seja, não sou imune as histórias que envolvem crianças. Talvez por ser pai, quando os pequenos entram em cena, o coração aperta e as lágrimas vêm. Não teve como segurar. E acabei chorando em uma das entrevistas.

No segundo dia de gravação, conseguimos conversar com a moça que trabalha na censura e lê todas as cartas que entram e saem da unidade. Meia hora corrida de uma ótima conversa com uma simpatia de pessoa. À tarde, conversamos com a professora de português dos internos. Depois começamos a entrevistar os detentos. Mais histórias interessantes até o momento em que fomos informados de que as filmagens deveriam ser interrompidas, pois todos os presos seriam recolhidos às suas celas. Assim terminamos as gravações antes do que pretendíamos.

Como sorte pouca é bobagem, na saída da penitenciária demos de cara com uma blitz. Tomei uma multa e perdi minha CNH que estava vencida há três meses.

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