Contamos o passo a passo da filmagem do documentário "Escrita Livre", com roteiro e direção de L.S. Alves, que recebeu o patrocínio da Prefeitura Municipal de Joinville, da Fundação Cultural de Joinville e do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec). Tal patrocínio foi conquistado por meio do Edital de Apoio à Cultura de 2012.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Gravando, comendo e correndo

Depois de gravar nos correios, foi hora de passar no centro da cidade para captar algumas imagens características de Joinville e também pra espairecer um pouco, pois o ritmo de trabalho pedia por um respiro e para tanto, nada melhor do que caminhar pela cidade. Deixamos o carro no prédio dos correios que fica na praça junto ao camelódromo. Dali saímos com algum equipamento para percorrer um pouco da Rua XV de novembro, Rua das Palmeiras, Rua do Príncipe e Praça Nereu Ramos. Estava tudo correndo na mais tranquila ordem até que o céu cinzento de Joinville começou a enviar sinais de chuva. E agora? Hora da Ana Alho correr em busca de um guarda-chuva enorme para proteger o equipamento da água que ameaçava desabar. Guarda-chuva na mão, a chuva que iniciara já se interrompera e prosseguimos registrando até a hora do almoço. No retorno pro estacionamento dos correios, conseguimos dois minutos pra parar e descontrair com a decoração de natal da Praça da Bandeira.
 
Pegamos o carro e fomos almoçar no Restaurante do Deco que a produção agendara pra nós. Depois de uma refeição excelente, nos preparamos para as gravações da tarde na casa de uma família de ex-detentos que tem um filho ainda dentro da penitenciária. Logo que saímos do restaurante, notamos que alguma coisa estava faltando. Na verdade, a Ana Alho descobriu que já não estava mais de posse da sua carteira. Enquanto abastecíamos o automóvel, chegamos a conclusão que o objeto fora esquecido na loja que nos vendera o guarda-chuva. E lá fomos nós de novo para a Rua do Príncipe em busca de recuperar o que havíamos perdido. Por sorte, a loja percebeu o fato e guardou o pertence na esperança de que o proprietário retornasse e foi exatamente o que aconteceu.









Joinville, 27 de novembro de 2012.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Filmando nos Correios

O dia começou cedo na unidade dos Correios que atende o sul de Joinville. No Centro de Distribuição Domiciliária Joinville Sul, fomos recebidos pelo gerente Vilmar de Campos que nos apresentou à equipe de carteiros explicando o nosso projeto e solicitando o apoio de todos, o que foi de vital importância para o bom andamento dos trabalhos. Começamos captando sons e imagens gerais dos trabalhadores enquanto trabalhavam. Depois passamos para planos detalhes de mãos, cartas, caixetas, carimbação, etc. Colhemos assim lindas imagens que poderemos usar na entrevista do carteiro e também ao longo do filme. A conversa com o carteiro Silvio Fagundes, responsável por entregar as correspondências na penitenciária, fluiu de forma agradável. Bem articulado e interessado em participar, contribuiu muito bem para o documentário.
 
Certo momento das gravações, notamos uma espécie de carrinho que o pessoal dos Correios usa para carregar caixas de cartas e que aos nossos olhos surgiu como uma maravilhosa oportunidade de termos um travelling em nosso filme. Fizemos duas tentativas, levando o carrinho de um lado a outro da unidade. No monitor da câmera a imagem ficou bacana. Vamos ver agora na edição como vai ficar numa tela maior.
 
Joinville, 27 de novembrro de 2012.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Gravando pra valer

Mais um dia de gravações em Joinville. Apesar de que em nossos contatos telefônicos tenhamos obtido pouco retorno dos familiares de detentos, a equipe de assistência social da penitenciária voltou a nos apoiar com mais pesquisas e conseguiu nos dar uma direção para seguirmos. Já que estávamos na unidade, aproveitamos para ter uma conversa com o diretor do lugar. Richard Harrison Chagas dos Santos, uma simpatia de pessoa com idéias inovadoras e vontade de fazer acontecer. Proporcionou-nos uma meia hora de agradável conversa sobre as cartas e o processo de ressocialização dos apenados. Pena o tema do documentário ser tão específico, pois essa personagem renderia horas de conversa interessante sobre o sistema carcerário e as possíveis opções de evolução do mesmo.
 
Mais tarde, seguindo as dicas da assistência social encontramos uma família que mantém extensa correspondência com um dos apenados da unidade. A recepção calorosa e a vontade que eles têm de se expressar foi um alento para a nossa equipe. Tivemos outra conversa interessante colhendo dados para uma entrevista mais longa a ser realizada no dia seguinte.

Joinville, 26 de novembrro de 2012.

domingo, 25 de novembro de 2012

Gravando na penitenciária

Segunda-feira, 19 de novembro, não foi dos dias mais fáceis. Saímos atrasados de Florianópolis, pegamos o tradicional engarrafamento de Itajaí e chegamos na penitenciária num momento em que o nosso contato estava ocupado. Depois de um pequeno chá de cadeira, entramos na unidade e fomos pro almoço. Engoli a comida em minutos e saí pra buscar o material de produção que estava na casa da minha madrinha lá no bairro Boa Vista da cidade de Joinville. Quando entro no carro, descubro um trincado no parabrisas com um palmo de extensão. De onde ele veio? Não tenho a mínima idéia,  mas o estrago já estava feito e lamentar não ajudaria em nada. Peguei a sacola de material que a produtora havia entregue no dia anterior e voltei ao presídio. Montamos o equipamento em uma das salas de aula que estava em desuso no momento e ficamos prontos, esperando a chegada dos apenados para iniciarmos as filmagens.
 
Os voluntários demoraram a chegar e o pessoal da pedagogia, notando nossa aflição, decidiu intervir. Passaram a intermediar a chamada dos internos. Com a ajuda recebida, o processo tornou-se ágil e produtivo. Pelo que ficamos sabendo, os agentes comunicavam que alguém queria falar com os presos, mas não informavam a eles que se tratava da equipe do documentário.

Nesses diálogos com nossos personagens surgiram muitas historias ricas em sentimentos e também informações sobre como funciona o sistema prisional. E por mais ogro que eu seja, não sou imune as histórias que envolvem crianças. Talvez por ser pai, quando os pequenos entram em cena, o coração aperta e as lágrimas vêm. Não teve como segurar. E acabei chorando em uma das entrevistas.

No segundo dia de gravação, conseguimos conversar com a moça que trabalha na censura e lê todas as cartas que entram e saem da unidade. Meia hora corrida de uma ótima conversa com uma simpatia de pessoa. À tarde, conversamos com a professora de português dos internos. Depois começamos a entrevistar os detentos. Mais histórias interessantes até o momento em que fomos informados de que as filmagens deveriam ser interrompidas, pois todos os presos seriam recolhidos às suas celas. Assim terminamos as gravações antes do que pretendíamos.

Como sorte pouca é bobagem, na saída da penitenciária demos de cara com uma blitz. Tomei uma multa e perdi minha CNH que estava vencida há três meses.

domingo, 18 de novembro de 2012

Iniciam-se as gravações

Amanhã é dia de gravar na penitenciária. Todos os preparativos foram feitos, equipamentos adquiridos e conferidos. Os horários agendados com toda a equipe. Enfim, temos os dois dias totalmente planejados na ponta do lápis e sob a mira cruel do relógio que não aceita atrasos ou distrações. Agora o filme entra numa fase de adrenalina máxima. Tendo atividades todos os dias e correndo para cumprir os prazos combinados. Amanhã eu trago novidades pra vocês.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sobre cartas II

"Na narrativa tradicional, o leitor desconfia que o autor está escondendo algo. Na epistolografia, a sensação é que nada nos está sendo omitido."  (Luiz Ruffato)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre cartas

"Por sua própria materialidade, a 'vontade' de quem a escreveu e passa a circular em uma 'área' que pode escapar - inteira ou parcialmente - do universo do remetente".   (Neves,1988: 191-195; véase también Galvao, 1997: 12-127)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Visita à Penitenciária Industrial de Joinville

No dia 22/08/12, visitamos a penitenciária industrial de Joinville. Realizamos uma breve reunião com a produtora Liliane Pólvora, na qual a equipe Ana Alho, Ana Von Hertwig e Rodrigo Ramos, foi apresentada a ela.

Chegamos à unidade prisional às 13h20min. No caminho, me perdi duas vezes, reflexo do tempo enorme que não ando por aqueles lados da cidade. Após breve e agradável almoço no refeitório dos funcionários, iniciamos os trabalhos. Fizemos o mesmo trajeto que eu tinha percorrido na visita anterior. Dessa vez encontramos mais profissionais durante a caminhada. Pudemos travar contato com a psicóloga, a terapeuta ocupacional, assistente social e também a nutricionista. Conforme andávamos pelo lugar, o pessoal ia recolhendo informações sobre luz, cor, sons, ruídos, pontos fortes e fracos. Esses dados servirão para o planejamento das futuras gravações do documentário.


Foto: Ana Carolina von Hertwig

Em um momento do passeio fomos introduzidos e apresentados a uma turma de detentos que estavam na aula de português. Esses alunos do ensino médio se mostraram muito receptivos à proposta do documentário. Dessa forma lançamos a ideia entre eles e agora contamos com a divulgação boca a boca para que apareçam voluntários para as entrevistas.

Depois disso visitamos uma cela. Ali sim, o ambiente da prisão se fazia notar. Na opressão e na criatividade que os detentos demonstram para solucionar os pequenos inconvenientes do dia a dia.

Às 17 horas, já cansados, terminamos a visita e começamos o retorno pra casa.

São José, 27 de agosto de 2012.

Escrito por L.S. Alves, diretor do documentário ESCRITA LIVRE.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O início

Por meio do Edital de Apoio à Cultura na forma de concurso, Liliane Pólvora apresentou o projeto de documentário denominado ESCRITA LIVRE, com roteiro elaborado por L.S. Alves, para o Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), da Fundação Cultural de Joinville. O Simdec dá oportunidade aos proponentes de tentar obter recurso financeiro do governo municipal por meio desse edital e Liliane Pólvora foi uma das pessoas que foram contempladas neste ano.
 
O Simdec oferece dois mecanismos que são o Fundo Municipal de Incentivo à Cultura e o Mecenato Municipal de Incentivo à Cultura. No caso de Liliane Pólvora, foi por meio do Fundo Municipal.
 
É a segunda vez que L.S. Alves está trabalhando em um projeto com recurso financeiro do Simdec. A primeira vez foi no ano passado com o filme de curta-metragem JANTAR A DOIS. Boa parte da equipe que atuou nesse filme está de volta no documentário ESCRITA LIVRE.
 
Uma das contrapartidas sociais apresentadas no projeto ao Simdec é a criação de um blogue contando passo a passo a produção de ESCRITA LIVRE. Então, aqui começa a jornada do documentário. Queremos ajudar pessoas que gostam de cinema e jornalismo também consigam a realização do sonho de produzir um filme. Convidamos a nos acompanharem neste espaço e não nos deixem de dar sua opinião, sugestão e crítica.